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Tabaqueira reage a aviso da DGS. “Fumadores merecem solução sensata baseada em evidência”

Tabaqueira reage a aviso da DGS. “Fumadores merecem solução sensata baseada em evidência”
Daniel Becerril/Reuters

Em resposta ao aviso da DGS sobre cigarros eletrónicos e tabaco aquecido, que “não devem ser consumidos”, a subsidiária da Philip Morris International afirma que “o número de homens e mulheres que irão continuar a fumar irá manter-se praticamente estável num futuro próximo, e para esses faz sentido a disponibilização de alternativas que tenham o potencial de ser menos nocivas que os cigarros”

Tabaqueira reage a aviso da DGS. “Fumadores merecem solução sensata baseada em evidência”

Helena Bento

Jornalista

A Direção-Geral de Saúde (DGS) avisou esta quinta-feira que os cigarros eletrónicos e o tabaco aquecido apresentam “riscos para a saúde e não devem ser consumidos”, mas a Tabaqueira já veio pronunciar-se sobre o assunto. Em comunicado também enviado às redações, afirma que, não “sendo o tabaco aquecido um produto inócuo ou isento de riscos, consiste não obstante numa melhor alternativa para do que os cigarros” e cita vários estudos que o comprovam.

De acordo com a Tabaqueira, e apoiando-se em dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o “número de homens e mulheres que irão continuar a fumar irá manter-se praticamente estável num futuro próximo e para esses faz sentido a disponibilização de alternativas que tenham o potencial de ser menos nocivas que os cigarros”. A subsidiária da Philip Morris International diz ainda que a Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA [FDA] autorizou a comercialização do produto de tabaco aquecido comercializado pela Tabaqueira nos EUA “por considerar apropriado para a proteção da saúde pública”, uma vez que “produz níveis menores ou inferiores de alguns constituintes tóxicos do que os cigarros combustíveis”.

Também afirma que, embora a “composição química do aerossol, por si própria, não seja suficiente para permitir conclusões sobre o potencial de redução de risco de um produto, foram completados 18 estudos não clínicos e 10 estudos clínicos em fumadores adultos”, que demonstraram “que a redução das emissões tóxicos no aerossol do produto se traduz numa redução de toxicidade em modelos laboratoriais, menor exposição em estudos clínicos, seguido por melhorias na resposta biológica de pessoas que mudaram para o produto de tabaco aquecido em comparação com continuarem a fumar”.

Nesse sentido, a “comunidade médica deveria considerar cuidadosamente o impacto que mensagens imprecisas e incompletas poderão ter sobre aqueles que já mudaram para alternativas melhores do que continuar a fumar”, afirma Miguel Matos, diretor-geral da Tabaqueira, citado no comunicado. “Estamos absolutamente de acordo que a melhor opção é não começar a fumar e para os fumadores é deixar completamente de usar produtos de tabaco ou com nicotina. No entanto, a realidade é que muitos não o irão fazer.” E esses, diz, “merecem uma solução sensata baseada em evidência e não simplesmente mensagens que podem afastá-los de melhores opções do que fumar cigarros”.

Cigarros eletrónicos e tabaco aquecido apresentam “riscos para a saúde e não devem ser consumidos”, alerta a DGS

A DGS avisou, num comunicado emitido nesta quinta-feira, que “não existem cigarros eletrónicos nem produtos de tabaco seguros, nomeadamente tabaco aquecido”, e recomenda, por isto, que “não devem ser consumidos”. Na nota, a DGS afirma ainda que os cigarros eletrónicos com ou sem nicotina — que, a par do vaping, estão associados a 2290 casos de doença pulmonar nos EUA, com a morte de 47 pessoas, segundo números recentes do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla original) — “nunca devem ser usados”, sendo identificados grupos de risco, como os jovens adultos e as mulheres grávidas.

É “particularmente desaconselhado”, tanto pela DGS como pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), o uso de cigarros eletrónicos contendo líquidos de canabidiol e outros derivados de canábis, acetato de vitamina E e diacetil.

As duas entidades alertam, também, os consumidores de cigarros eletrónicos para que não modifiquem ou adicionem “quaisquer substâncias aos líquidos para cigarro eletrónico legalmente comercializados e devidamente rotulados pelo fabricante, ou usem líquidos ou produtos comprados fora dos circuitos legais de comercialização, incluindo através da Internet”.

Além disso, “devem estar atentos e procurar um médico imediatamente se desenvolverem os seguintes sintomas: tosse, falta de ar, dor no peito, febre, calafrios, náuseas, vómitos, dor abdominal ou diarreia”, sintomas estes que “podem desenvolver-se ao longo de alguns dias, ou ao longo de várias semanas”.

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