Sociedade

Violeta e Olívia aguardam a “heroína” Greta Thunberg. São duas das dezenas de crianças que esperam a ativista em Lisboa

Violeta e Olívia aguardam a “heroína” Greta Thunberg. São duas das dezenas de crianças que esperam a ativista em Lisboa
Carla Tomás

Dezenas de jovens e deputados aguardam a chegada de Greta Thundberg na doca de Santo Amaro, em Lisboa. A ativista ambiental sueca estará por algumas horas na capital, antes de viajar para Madrid de comboio para participar na cimeira sobre as Alterações Climáticas (COP25)

Violeta e Olívia aguardam a “heroína” Greta Thunberg. São duas das dezenas de crianças que esperam a ativista em Lisboa

Carla Tomás

Jornalista

Violeta e Olívia aguardam a “heroína” Greta Thunberg. São duas das dezenas de crianças que esperam a ativista em Lisboa

Liliana Coelho

Jornalista

Junto ao Cais de Santo Amaro, em Lisboa, dezenas de jovens aguardam a chegada de Greta Thundberg, a ativista ambiental sueca que se tornou num dos rostos mais conhecidos na luta contra as alterações climáticas. Violeta e Olívia são duas delas. Têm 8 anos e esta terça-feira fizeram greve à escola para ver a sua heroína. “Ela é muito importante para o mundo”, afirma Olívia. “A vida não é só escola”, diz por sua vez a mãe, Rita Sá, bióloga e ativista ambiental da ANP/WWF. “Greta é a super-heroína dos nossos tempos e precisamos de inspiração”, insiste.

Para Pedro Martins Barata, ambientalista da Zero, a mensagem de Greta veio mudar o discurso de líderes políticos. “A doença dela [Síndrome de Asperger] permite-lhe dizer coisas com uma frontalidade que não era habitual. E isso permitiu alargar o espaço público em termos do debate das alterações climáticas”.

Já para Andreia Galvão, 19 anos, uma das dirigentes da greve climática estudantil, “Greta contribuiu para mobilizar os jovens para o problema das alterações climáticas”. E sublinha a importância da mobilização dela para levar muitos mais jovens para a COP25 de Madrid.

Enquanto Greta Thunberg não chega, cinco crianças – acompanhadas por duas mães – aproveitam para fazer os trabalhos de casa. Clara, João, Carolina e mais três irmãos e amigos, entre os sete e os 13 anos, aguardam ansiosos pela chegada da ativista.

João, de sete anos, diz que descobriu Greta através de um livro que o irmão mais velho que lhe mostrou, tendo ficado logo “fã”. Já Clara, de nove anos, conheceu a ativista na televisão. Viu-a a “tentar ajudar o planeta”. Ambos garantem que fazem o que podem também para ajudar a salvar o planeta. João pede aos colegas para não comprarem produtos com óleo de palma, enquanto Clara explica que não compra prendas, mas cria presentes a partir de “coisas recicladas, como caixas de cereais.”

Crianças ansiosas com a chegada de Greta

Os mais velhos do grupo, como Carolina, que frequentam o 8.º ano, estudam para o teste de Geografia que vão ter amanhã. Hoje, todos convenceram os pais a faltarem à escola, como têm feito quase sempre, quando são convocadas greves de estudantes à sexta-feira pelo clima.

Carla Tomás

Susana, uma das mães que acompanha o grupo, defende que é vital trazer as crianças para estas iniciativas “de forma a poderem fazer a ligação com o seu dia-a-dia e perceber que têm que fazer opções diários ao nível do consumo”. Também Marta, outra das mães, considera que é muito mais importante as crianças faltarem às aulas para participarem nestes eventos em vez de se juntarem, por exemplo, a uma claque de futebol. “Afinal, eles têm que entender desde pequenos que têm que mudar o seu modo de vida pelo planeta e nós, mães, temos que dar o exemplo”, sustenta.

A ativista ambiental sueca, que é um dos principais rostos do movimento global pró-clima, chega esta manhã à Doca de Santo Amaro, em Lisboa, onde estará por algumas horas, antes de viajar para Madrid de comboio para participar na cimeira sobre as Alterações Climáticas (COP25). Greta Thunberg vai ser recebida pelo autarca de Lisboa, Fernando Medina, e por um grupo de deputados, além de vários ativistas que já aguardam no local.

Como Greta não vai ao Parlamento, vem o Parlamento até Greta

Vários deputados entre os quais o presidente da comissão parlamentar de Ambiente aguardam pela jovem ativista sueca. José Maria Cardoso, aplaude a ação da jovem ativista que vê “como símbolo de resistência, de luta e persistência que criou um grande movimento mundial”, sublinha o presidente da comissão parlamentar de Ambiente.

Segundo José Maria Cardoso “é preciso transformar o paradigma em termos de produtividade e de consumo e Greta tem contribuído para essa mensagem". Com o presidente da comissão parlamentar de Ambiente vieram os representantes de todos os partidos com assento parlamentar. Mas há mais políticos por aqui.

No verão passado, o Parlamento declarou a emergência climática, mas José Maria Cardoso reconhece que “para que haja efeito prático é preciso alterar politicas”.

José Fernandes

Tripulação vai chegar a Lisboa com atraso

A organização começa com cânticos, enquanto vários jovens e ativistas seguram cartazes, lembrando que não há planeta B. O veleiro “La Vagabunde” ainda não se vislumbra. Estava previsto a embarcação em que viaja a ativista sueca chegar a Lisboa entre as 8h e as 10h, mas os ventos estão a dificultar a última etapa da viagem, anunciou a equipa que acompanha Greta, pedindo desculpa pelo atraso. Assim, a ativista não deverá chegar à capital antes das 12h.

Após uma breve conferência de imprensa na Doca de Santo Amaro, a ativista ambiental sueca deverá ainda ter a oportunidade conhecer alguns dos líderes portugueses dos movimentos pró-clima.

A jovem, de 16 anos, viaja no veleiro “La Vagabonde”, acompanhado por Svante Thunberg, o seu pai, Nikki Henderson, uma skipper britânica, Elayna e Riley, um jovem casal australiano e Lenny, o seu filho de 11 meses. Greta saiu a 13 de novembro de Hampton, no estado norte-americano de Virgínia, onde esteve a participar na Cimeira do Clima de Nova Iorque. A viagem durou cerca de 20 dias e teve momentos complicados devido às condições meteorológicas, como relatou o casal australiano nas redes sociais.

A elevada emissão de dióxido de carbono (CO2) dos aviões (cerca de 285 gramas por passageiro) leva ambientalista sueca a optar por viajar de veleiro nestes trajetos de longo curso.

(Em atualização)

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: ctomas@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate