Lar recusou admitir freira francesa se ela não prescindisse de usar o hábito religioso

Uma freira francesa que viveu toda a sua vida adulta num convento e quis retirar-se para um lar gerido por autoridades locais viu esses planos gorarem-se por causa da lei sobre o secularismo - ou da interpretação que foi feita dela.

Após ter visto o seu pedido inicialmente aceite, a mulher foi notificada de que não poderia usar no lar o seu hábito religioso, para proteger a "serenidade" das outras residentes no lar em Vesoul, no Haute-Saône, no nordeste do país. "A religião é um assunto privado e assim deve permanecer", lia-se na carta que lhe enviaram.

A freira recusou as condições, e a diocese local ajudou-a a alugar um apartamento. Ao contrário do que aconteceria no lar, onde teria um quarto próprio mas tomaria as refeições numa zona comum, no apartamento cozinha para si mesma e come sozinha.

O caso passou-se em julho, mas tornou-se agora conhecido por o padre local ter escrito sobre ele na sua newsletter. O padre fala de "sentimento anti-cristão" e lamenta que os princípios de secularismo tenham sido mal entendidos.

"O que é secularismo?", pergunta o padre. "Seguramente é deixar toda a gente viver a sua fé sem incomodar ninguém". Posição subscrita por um membro do Observatório do Secularismo, uma agência oficial, para quem a imposição de neutralidade religiosa só se aplica a funcionários e outros empregados de serviços públicos.

Numa aparente alusão oblíqua aos debates em torno do véu islâmico, o padre acrescenta: "Não acho que o véu de uma freira seja perturbador, pois não é um sinal de submissão mas de devoção". Na terça-feira, a presidente da câmara de Vesoul pediu desculpas, lamentando o "erro de julgamento" e prometendo agir para encontrar lugar num lar para a freira, se ainda estiver interessada.