Uma equipa de quatro pessoas tentou chegar até aos espeleólogos portugueses retidos nas grutas de Cueto-Coventosa, na região da Cantábria, no norte de Espanha. Entraram a pé e, em alguns momentos, devido ao excesso de água, tiveram de trepar as paredes, “como se fossem o homem-aranha”. Pregaram as cordas por uma questão de segurança, alcançaram os portugueses e, depois, fizeram o percurso inverso da mesma forma: a andar e a trepar.
Agora que estão localizados, iniciou-se o resgate. O processo deve demorar “duas ou três horas até ficar concluído”, explica Sérgio Barbosa, da Federação Portuguesa de Espeleologia, organismo a que pertence o Clube de Montanhismo Alto Relevo de Valongo, do qual fazem parte os quatro homens. “À partida tinham alimento e água. O maior problema ali seria a temperatura, que está entre os seis e os dez graus. Ainda assim não seria problemático por algumas horas.”
Para o membro da direção da Federação Portuguesa de Espeleologia, não há comparação possível entre este caso e o mediático resgate das 12 crianças de uma equipa de futebol de uma caverna na Tailândia. Nem o caso é semelhante - porque os portugueses estavam bem preparados, são experientes e conhecem as grutas que foram explorar - nem o resgate pode ser feito da mesma forma. “Usar mergulhadores para os ir buscar estava completamente fora de questão, o caudal da água era muito forte”, refere Sérgio Barbosa. “Habitualmente consegue andar-se por aqueles canais no interior da gruta, pois não têm água. Com a subida do nível, inundaram. Acreditamos que estivessem retidos numa zona que é normalmente composta por três lagos mas que a subida da água a transformou num só lago grande.”
O espeleólogo e também especialista em resgates acredita que esta se trata de uma operação mais demorada do que complicada. “Digamos que temos de pôr parafusos na parede para fixar as cordas, precisamos da força humana e não podemos usar maquinaria como se faria num resgate no exterior. É um processo complicado.”
Um outro plano, “a pior das hipóteses”
O plano inicial era o mais fácil de completar, no entanto, era também aquele que dependia do estado do tempo e do fim da chuva. A segunda hipótese seria que os portugueses fossem retirados pelo mesmo sítio por onde entraram. “Vamos pensar que esse é só o plano B e que não o vamos ter de levar a cabo e que ainda esta segunda-feira teremos a sorte de os conseguir tirar”, admitiu ao final da manhã Paula Fernández, conselheira da Presidência e Justiça do Governo da Cantábria.
As grutas do Cueto-Coventosa estão dividas: a do Cueto, no topo da montanha e por onde o grupo entrou no sábado por volta das 12h (mais uma hora em Portugal continental), e a da Coventosa, que fica na base da montanha e onde se esperava a sua chegada por volta da mesma hora de domingo. “É expectável que esta descida demore cerca de 20 horas, embora se admita que em casos de espeleólogos muitos experientes possam demorar cerca de 16 horas”, diz Sérgio Barbosa.
Sérgio Barbosa considerou o plano B como a “a pior das hipóteses”, ainda assim “possível de ser concretizado”. “Quem faz habitualmente esta expedição entra pelo Cueto e desce até à Coventosa. São cerca de 600 metros”, aponta o membro da direção da Federação Portuguesa de Espeleologia. “Basicamente saem por onde entraram. Era mais difícil mas não era de todo impossível. Embora a descida dos 600 metros implicasse uns 800 metros de corda e pregá-la à parede da gruta. Era a última possibilidade.”
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