Sociedade

Conselhos e preparativos para a greve dos camionistas

Conselhos e preparativos para a greve dos camionistas
José Fernandes

Com os tanques cheios e os postos de abastecimento sem filas, a promessa do regresso do calor, os avisos foram feitos e as medidas de prevenção anunciadas, agora, é esperar pela meia-noite e ver o que muda com a entrada em vigor da paralisação por tempo indeterminados dos motoristas de transportes de matérias perigosas

O domingo que antecedeu o arranque da greve dos motoristas de matérias perigosas começou sem sinais de tensão. Mais de 80 por cento dos postos de abastecimento estavam a funcionar em pleno, segundo o site "Já não dá para abastecer". O sábado já tinha sido o dia de os sindicatos anunciarem que não davam "nem um passo atrás" e o Governo prometer que não irá aceitar que não se cumpram os direitos mínimos fixados. A partir de agora é entrar em contagem decrescente e recordar os alertas e conselhos para o período inderteminado em que durar a paralisação.

O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, liderou neste sábado uma reunião com o presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), representantes dos ministérios e das forças de segurança, com o objetivo de "acertar pormenores" operacionais. No fim do encontro, que durou cerca de duas horas, o ministro tentou tranquilizar a população, garantindo que a rede de emergência, com 52 postos de abastecimento exclusivos e 320 não exclusivos, “permitirá responder às funções prioritárias do Estado”.

Já antes, na passada sexta-feira, o Governo decretara serviços mínimos entre 50 e 100%, limitado os abastecimentos de combustível e declarado situação de crise energética até à meia-noite de 21 de agosto, o que permite adotar "medidas excecionais" para minimizar os efeitos da paralisação e garantir o abastecimento de serviços essenciais como forças de segurança e emergência médica. O grau de prontidão das equipas de resposta das entidades com especial dever de cooperação nas áreas das comunicações (operadoras de redes fixas e móveis) e de energia será aumentado.

Também os trabalhadores dos setores público e privado que estejam habilitados com carta de condução de veículos pesados podem vir a ser convocados pela ANEPC. Os veículos necessários para garantir o funcionamento das funções prioritárias do Estado vão ter um dístico especial emitido pela Casa da Moeda para evitar falsificações e que distingue quem poderá abastecer na Rede de Emergência de Postos de Abastecimento. Já foram emitidos 20 mil dísticos, mas ainda serão distribuídos outros 30 mil.

Foi criada uma plataforma tecnológica que liga a secretaria-geral do Ministério da Administração Interna à ANEPC, em que qualquer entidade pública ou privada pode, invocando uma razão válida que justifique a qualificação como entidade beneficiária de atendimento prioritário, poderá solicitar esse reconhecimento e a Proteção Civil terá 24 horas para decidir se autoriza ou não o acesso.

Além das medidas, o Governo deixou alertas e conselhos. Apelou aos portugueses para que tenham "uma gestão criteriosa" das viagens que fazem, que devem ser apenas as "absolutamente necessárias" e recomendou que os motoristas adotem uma condução cautelosa e que permita poupar combustível.

A greve, por tempo indeterminado, foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), a que se associou o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN).

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