Governo responsável por compra dos kits “Aldeia Segura”
A empresa que forneceu este material foi a mesma que vendeu as golas antifumo inflamáveis. MAI ordenou abertura de inquérito
A empresa que forneceu este material foi a mesma que vendeu as golas antifumo inflamáveis. MAI ordenou abertura de inquérito
Expresso
A compra dos kits da "Aldeia Segura" foi feita sob a orientação do Governo, escreve hoje o "Jornal de Notícias". De acordo com este jornal, a Secretaria de Estado da Proteção Civil acompanhou todo o processo e Autoridade Nacional de Proteção Civil ficou apenas responsável pelo pagamento e distribuição do material.
A compra foi feita à Foxtrot Aventura, a mesma empresa responsável pelas golas antifumos inflamáveis. Depois de desvalorizar na sexta-feira o caso das golas inflamáveis distribuídas à população, o ministro da Admninistração Interna acabou de anunciar este sábado a abertura de um inquérito urgente.
"Face às notícias publicadas sobre aspetos contratuais relativamente ao material de sensibilização, o Ministro da Administração Interna: pediu esclarecimentos à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil; determinou a abertura de um inquérito urgente à Inspeção-Geral da Administração Interna", lê-se numa nota enviada às redações.
Recorde-se que na sexta-feira o ministro Eduardo Cabrita considerou "irresponsável e alarmista" a notícia sobre golas antifumo distribuídas às populações que eram, afinal, feitas com material inflamável.
"Reafirma-se que estes materiais são de informação e sensibilização sobre como devem agir as populações em caso de incêndio e evacuação e não de combate a incêndios", lê-se ainda na mesma nota.
No âmbito do programa “Aldeias Seguras”, a Proteção Civil entregou milhares de golas antifumo, fabricadas com material inflamável e sem tratamento anticarbonização, não tendo a eficácia que deveriam ter: evitar inalações de fumos através de um efeito de filtro, revela o “Jornal de Notícias” esta quinta-feira.
Ao todo, quase duas mil povoações portuguesas receberam “golas antifumo”, assim como outros equipamentos também compostos por materiais combustíveis.
A empresa Foxtrot, fabricante que recebeu 328 mil euros pelo fornecimento dos “kits” de emergência ao “Aldeia Segura, Pessoas Seguras”, disse ao matutino que considerou que em causa estava merchandising da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) e que esta entidade não referiu que os equipamentos “seriam usados em cenários que envolvem fogo”.
Dos 328 mil euros adjudicados pela Proteção Civil, 125 mil foram alocados para a produção de 70 mil golas antifumo.
Em declarações ao “JN”, a ANEPC disse que os equipamentos não passam de um “estímulo à implementação local dos programas” e que nem são um “equipamento de proteção individual”.
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