A ministra da Justiça garantiu nesta terça-feira aos membros do Conselho Superior do Ministério Público que o Governo pretende manter o princípio do paralelismo das carreiras da magistratura o que significa, na prática, que os procuradores vão ter o mesmo aumento salarial que os juízes e vão poder, também, passar a ganhar mais do que o primeiro ministro.
Depois de ouvir a ministra, o conselho aprovou uma deliberação em que "manifesta veemente defesa da manutenção do princípio do paralelismo e inerente consagração expressa, no texto legal, desse princípio", revela uma fonte judicial.. "O que ficou salvaguardado foi o paralelismo das carreiras e o principio nuclear da independência dos juízes e a autonomia do Ministério Público", confirma Castanheira Neves, o conselheiro que pediu a reunião extraordinária convocada pela PGR, Lucília Gago.
A ministra da Justiça usou da prerrogativa legal que a lei lhe confere para estar presente na reunião e acabou por insistir no mesmo ponto que o deputado socialista Jorge Lacão já tinha destacado: o Governo vai manter o princípio que permite a juízes e procuradores auferirem salários semelhantes de acordo com a categoria profissional.
Mas o conselho deliberou que esta garantia tem de estar expressa no novo estatuto do Ministério Público (MP) que será aprovado na Assembleia da República. A proposta que o PS apresentou é omissa em relação a essa questão, o que levou o sindicato dos magistrados do MP a marcar uma greve de três dias, a PGR a marcar uma reunião de urgência e a ministra da Justiça a fazer questão de estar presente nela.
O Parlamento já aprovou na especialidade o estatuto dos juízes que prevê aumentos em todos os escalões e o fim do teto salarial que os impedia de ganhar mais do que o primeiro ministro. Os procuradores querem exatamente o mesmo.
A deliberação foi aprovada por unanimidade com a declaração de voto de Arala Chaves e Maria João Antunes que disseram Votámos a deliberação "não" vislumbrar, "por parte do poder legislativo, a intenção de alienar o princípio do paralelismo das magistraturas em matéria de estatuto remuneratório".
Contactado pelo Expresso, António Ventinhas, presidente do sindicato do MP, diz que a greve marcada para 27 e 28 de junho "se mantém" até que "haja uma proposta concreta ou uma garantia por escrito do Governo ou do grupo parlamentar do PS". Para o dirigente sindical, "não basta uma declaração da ministra, até porque temos de conhecer a proposta em concreto".
[Notícia atualizada às 19h53 com as declarações de António Ventinhas]
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