Um dos efeitos mais temidos do Brexit é a rutura no abastecimento de medicamentos no Reino Unido. O Comité de Negociação dos Serviços Farmacêuticos (PSNC) garante que o receio já se tornou realidade, devido a uma maior procura relacionada com planos de contingência em caso de uma saída sem acordo da União Europeia. Para além disso, adiantam que as farmacêuticas passaram a ver o mercado britânico com menos interesse.
O organismo não apresenta números, mas utiliza a lista de medicamentos que o Serviço de Saúde britânico está a comparticipar acima das tarifas habituais – por forma a que as farmácias os obtenham ao preço habitual – como um barómetro. As comparticipações refletem geralmente 'stocks' mais reduzidos e aumentos de preço por parte dos fornecedores e das farmacêuticas. Pois bem, essa lista é a maior de sempre desde que o sistema foi introduzido, em 2014, revelou o PSNC ao “The Guardian”.
A lista inclui neste momento 96 medicamentos, incluindo o anti-inflamatório naproxeno e produtos derivados da morfina habitualmente prescritos a doentes com cancro.
A Sociedade de Epilepsia, a maior instituição de solidariedade médica dedicada à doença no Reino Unido, revela que os potenciais cortes no fornecimento de medicamentos têm causado uma maior ansiedade nos epilépticos, potenciando o risco de crises.
O Governo britânico aconselhou as farmácias a armazenar os medicamentos fundamentais em quantidades suficientes para seis semanas de vendas, para o caso de uma saída sem acordo. Porém, também há doentes a constituírem as suas próprias reservas, desaconselhadas publicamente pela Sociedade de Epilepsia, dado que a prática pode levar a ruturas nos 'stocks'.
“As equipas das farmácias continuam a trabalhar para assegurar que todos os pacientes recebem os medicamentos de que precisam quando são necessários, mas estamos a ficar crescentemente preocupados com o impacto que isso está a ter em equipas já sobrecarregadas”, afirmou Simon Dukes, diretor executivo do Comité de Negociação dos Serviços Farmacêuticos.
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