A “Ordem apela a entendimento urgente entre governo e sindicatos” é a primeira frase de um comunicado enviado ao final da tarde desta terça-feira pela Ordem dos Enfermeiros (OE). Na missiva, é afirmado que a OE “tomou conhecimento de que o número de cirurgias adiadas ultrapassa já as sete mil”, pelo que “reforça a preocupação e a necessidade de haver um acordo, urgente, entre Governo e sindicatos”.
A direção da Ordem explica que, “de acordo com as informações recolhidas nesta terça-feira junto dos cinco enfermeiros diretores dos hospitais, reitera que não houve nenhuma situação que tenha colocado em risco a vida de doentes, bem como sublinha que, mais uma vez, foi possível confirmar que os enfermeiros não só estão a cumprir escrupulosamente os serviços mínimos como estão a trabalhar para além desses serviços mínimos”. No entanto, “face ao número de cirurgias já adiadas, perante uma greve que decorre desde 22 de Novembro, a Ordem apela ao Governo que chegue a um entendimento urgente com os sindicatos, sob pena de agravar a situação de adiamento de cirurgias, às quais não será possível dar resposta nos próximos tempos, e o caos no SNS”.
Sindicatos sem acordo
O apelo ao entendimento parece, no entanto, não estar para breve. A estrutura sindical mais representativa dos enfermeiros, a Comissão Negociadora Sindical dos Enfermeiros/CNESE (constituída pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses e Sindicato dos Enfermeiros da Região Autónoma da Madeira), faltou à reunião com a equipa ministerial que estava agendada para a manhã desta terça-feira. Em causa está a ausência de “orientações sobre a justa contagem dos pontos a todos os enfermeiros para efeitos do descongelamento das progressões e ao pagamento do suplemento remuneratório aos enfermeiros especialistas” que exigiram previamente ao Governo.
Durante a tarde, foi recebida a Federação Nacional do Sindicatos dos Enfermeiros, e foi possível chegar a um acordo, levando a desconvocar uma greve de dois dias que estava marcada para o final do mês, dias 26 e 28 de dezembro. Esta aproximação, no entanto, não tem grande significado: a federação não tem um número elevado de associados e não tem intervenção na greve cirúrgica, convocada pela Associação Sindical Portuguesa de Enfermeiros e pelo Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal. Ambos estão excluídos das negociações com a ministra Marta Temido e não dão sinais de recuo no protesto a decorrer em blocos operatórios de cinco hospitais.
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