Sociedade

Governo quer formações curtas para acesso de adultos ao ensino superior

Governo quer formações curtas para acesso de adultos ao ensino superior
David Clifford

“Alargar as formações curtas” que permitam o ingresso no ensino superior “aos adultos, sobretudo na idade dos 30 anos” é o objetivo de uma das medidas que deverá ser aprovada no Conselho de Ministros

O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, revelou esta quinta-feira, em Matosinhos, que o Governo quer apostar em "formações curtas" para permitir o acesso ao ensino superior de adultos na casa dos 30 anos.

"Alargar as formações curtas" que permitam o ingresso no ensino superior "aos adultos, sobretudo na idade dos 30 anos" é, segundo explicou o ministro, o objetivo de uma das medidas que deve ser aprovada no Conselho de Ministros, que começou pouco depois das 10h no CEIIA -- Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto, concelho de Matosinhos, distrito do Porto.

"Temos cerca de 250 mil portugueses com mais de 26 anos que nunca tiveram oportunidade de ir ao ensino superior. Estamos a facilitar formações curtas para os adultos também participarem no processo de aprendizagem e convergência com a Europa", observou o governante, em declarações aos jornalistas antes do início da reunião.

Manuel Heitor lembrou que, até agora, o Governo apostou nestas formações "para os mais jovens", pretendendo alargar agora "a experiência".

"Portugal não tem instituições a mais nem tem estudantes a mais. Tem estudantes a menos. Um dos aspetos críticos são as formações curtas para facilitar a penetração de toda a sociedade no ensino superior para estudar mais", justificou, acrescentando estarem em causa pessoas com "mais de cinco anos de experiência" profissional.

Nas declarações feitas à comunicação social, antes do Conselho de Ministros, o governante explicou ainda outra das deliberações que deverá ser tomada, relativamente à possibilidade de alargar o leque de entidades com capacidade de fornecer doutoramentos, através de um aumento das exigências científicas relacionadas com a formação.

"Estamos a seguir a recomendação da OCDE de elevar as exigências da capacidade científica das instituições de ensino superior para oferecer o doutoramento. A partir de agora, será necessário ter capacidade científica demonstrada através das avaliações da Fundação para a Ciência e Tecnologia, com unidades classificadas pelo menos com 'muito bom' ou 'excelente'", descreveu o ministro.

Manuel Heitor referiu que a intenção é "estimular as instituições para investirem mais no seu reforço científico".

"Ao elevarmos as exigências científicas, retira-se qualquer limitação ao tipo de instituição [que fornece o doutoramento]", vincou.

Para o ministro, com isto dá-se "mais capacidade científica" às instituições, ao mesmo tempo que se garante que "a atividade científica é feita em estreita relação com a administração pública e a sociedade civil".

Com isto, sublinhou, consegue-se que "a formação avançada ao nível de doutoramento seja feita em ambientes de elevada intensidade tecnológica, numa empresa, num laboratório do Estado ou num politécnico.

Heitor destacou ainda a importância da relação entre a ciência e a saúde, porque "a ciência cura" e Portugal quer estar "no processo europeu de garantir que, até 2030, três em cada quatro doentes de cancro tem perspetivas longas de vida".

"Temos de investir na investigação clínica e em novas tecnologias que estão disponíveis. Queremos estar na frente da Europa naquilo que é o tratamento do cancro", vincou.

O ministro destacou ainda que, numa altura em que "o crescimento económico faz-se com novas áreas, como a inteligência artificial e a observação da Terra pelo espaço", Portugal "demonstrou capacidade para agora estimular o crescimento das empresas e do emprego" nestas áreas, posicionando-se como "um país do espaço".

O ensino superior e a ciência dominam a reunião do Conselho de Ministros de esta quinta-feira, em Matosinhos, com um pacote de medidas que abrange doutoramentos em politécnicos, tratamento do cancro e uma "lei do espaço".

O Governo deverá aprovar as linhas orientadoras para ter, em 2022, uma unidade de saúde capaz de tratar anualmente 700 doentes com cancro, recorrendo à física de partículas de alta energia e a um investimento de 100 milhões de euros.

O executivo prepara-se também para aprovar uma "lei do espaço", destinada a regular a atividade no setor.

Em cima da mesa está igualmente uma proposta que permitirá a atribuição de doutoramentos tanto por universidades como por institutos politécnicos (atualmente impedidos de o fazer).

O primeiro-ministro, António Costa, anunciou na quarta-feira, que o Governo aprovará esta quinta-feira uma estratégia de inovação para Portugal 2018-2030, "com metas claras", incluindo um investimento global.

De acordo com Costa, o Governo pretende ainda democratizar o acesso ao ensino superior, por forma a alcançar níveis de participação de 60% entre os jovens de 20 anos e alargar para 50% a percentagem de graduados na faixa etária de 30-34 anos.

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