Já alguma vez tentou medir o tempo que passa ao smartphone e em cada uma das aplicações que usa com mais frequência? Experimente: é possível que tenha uma surpresa. Quando o fiz no início desta semana – por causa do artigo "Escravos do telemóvel", que poderá ler este sábado na revista do Expresso – conhecia bem as estatísticas: segundo estudos recentes, pegamos no telemóvel mais de 150 vezes por dia e passamos quase 2h30 de olhos colados ao ecrã. A pergunta anda, por isso, na cabeça de muitos especialistas: será que ainda controlamos os telemóveis ou são eles que passaram a controlar-nos a nós?
Instalei duas apps (BreakFree e In Moment) para me ajudar a radiografar o meu comportamento digital. No primeiro dia em que as usei, fiquei a saber que tinha desbloqueado o ecrã “apenas” 75 vezes, o que me deixava bem abaixo da média, mas tinha utilizado o telemóvel durante 215 minutos, mais de 3h30. Senti-me como um alcoólatra confrontado com o seu vício. Consultando as definições de bateria do Iphone, tinha passado quase metade desse tempo no Facebook, 35 minutos no Instagram, 34 a navegar na Internet ou a consultar o email, 10 no WhatsApp, 8 no Youtube. Que no meio de tanta distração tenha conseguido escrever o texto que poderá ler este sábado na Revista parece quase uma improbabilidade.
Libertarmo-nos deste uso excessivo não é fácil. É desconfortável mesmo, como quem tenta livrar-se de um vício, mas com algumas estratégias é possível reassumir o controlo. Antes de mudar para um telemóvel “à antiga”, eis sete opções menos radicais.
1. Perceba quando tempo passa ao telemóvel
Reconhecer o nível de dependência é o primeiro passo para a recuperação. Apps como a BreakFree e a In Moment ajudam-no a perceber quanto tempo por dia usa o seu smartphone e permitem-lhe definir metas diárias, semanais ou mensais, sendo notificado quando está a atingir esse limite.
2. Desligue as notificações
As notificações são a forma de os smartphones requererem constantemente a nossa atenção, provocando dezenas de interrupções por dia. Pegue no telemóvel quando quer, não quando ele lhe pede.
3. Deixe o telemóvel fora do quarto
Arranje um despertador e carregue o smartphone longe da cama. Se a primeira coisa que faz ao acordar é pegar no telemóvel, é muito provável que comece o dia agarrado a ele.
4. Desligue-o à noite
Usar o telemóvel à noite pode prejudicar a qualidade do seu sono. Experimente desligá-lo uma ou duas horas antes de se deitar. Porque não aproveitar esse tempo para ler um livro?
5. Faça mais chamadas
Já pensou quanto tempo passa realmente a falar ao telemóvel? Provavelmente muito pouco. Ao invés de trocas de mensagens intermináveis no WhatsApp ou no Messenger, uma chamada pode poupar-lhe muito tempo (e a saúde dos seus olhos).
6. Dificulte o caminho para certas apps
Das dezenas de vezes em que pega no telemóvel por dia, quantas resultam realmente de decisões conscientes? Muito do nosso comportamento digital é quase instintivo, pelo que importa mudar algumas das suas rotinas. Experimente, por exemplo, fazer logout cada vez que acabar de usar algumas das apps que lhe consomem mais tempo, como o Facebook ou o Instagram. Outra boa estratégia é colocar essas apps numa pasta, mudando-a constantemente de sítio para que não seja tão automático consultá-las.
7. Faça uma limpeza no ecrã de fundo do seu smartphone
Deixe apenas as apps realmente indispensáveis e aquelas que desempenham apenas uma função, como o Google Maps ou a Uber. Tudo o resto deve ficar arrumado em pastas, fazendo com que seja menos tentador usá-las.
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