Área ardida este ano é a maior de sempre
Já arderam 506 mil hectares nos incêndios de 2017, mais do que em 2003, o pior ano de que havia memória. A mancha devastada pelo fogo equivale ao tamanho do distrito de Viseu
Somam-se 506.000 hectares de floresta, matos e terrenos agrícolas devastados pelas chamas entre 1 de janeiro e 17 de outubro de 2017, de acordo com dados do Sistema de Informação de Fogos Florestais da União Europeia (EFIS).
Estes números “são devastadores”, confirma ao Expresso José Cardoso Pereira, investigador do Departamento de Recursos Naturais e Ambiente, da Universidade de Lisboa. O especialista em análise de imagens por satélite de incêndios confirma ao Expresso que este ano já ardeu mais do que em 2003, que tinha sido o pior ano de sempre com 425 000 hectares queimados.
Apesar de as imagens do EFIS ainda não estarem completamente limpas de nuvens, o cientista observa “uma mancha negra que se estende entre Viseu e o Tejo” e que ocupa uma área equivalente ao tamanho de todo o distrito de Viseu.
Imagem recolhida pelo satélite Moderate Resolution Imaging Spectrometer (MODIS), às 10h30 desta manhã
Captura de ecrã
“Só entre 14 e 18 de Outubro arderam 171.000 ha, sendo que a quase totalidade desta área ardeu no domingo”, explica Cardoso Pereira. Estes valores equivale a mais 70% que a média anual da área queimada dos últimos 40 anos, que anda nos 100.000 hectares.
Só no dia 15 de outubro terão ardido pelo menos 120 mil hectares de matos e floresta, de acordo com dados provisórios do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), como avançou ontem o Expresso. Estes valores já equivaliem a metade da estimativa provisória da área ardida nos primeiros nove meses do ano, indicando que nunca o fogo queimou tanto num só dia.
"A passagem do furacão Ofélia não foi acautelada com meios de atuação no terreno", aponta o cientista. E lembra que "quando se falha 10%, as consequências podem ser de 80% à mercê das circunstâncias naturais".
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: ctomas@expresso.impresa.pt
Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate