Sociedade

Incêndios. Comandante nacional é o mesmo que eliminou dados da fita do tempo

Rui Esteves (em primeiro plano) e Albino Tavares, durante a cerimónia de tomada de posse realizada na sede da Autoridade Nacional de Proteção Civil em Oeiras, a 3 de janeiro de 2017
Rui Esteves (em primeiro plano) e Albino Tavares, durante a cerimónia de tomada de posse realizada na sede da Autoridade Nacional de Proteção Civil em Oeiras, a 3 de janeiro de 2017
ANTÓNIO COTRIM / LUSA

Comandante da Proteção Civil responsável pela rejeição de informação na “fita do tempo” no incêndio de Pedrógão é o responsável máximo nacional pelas operações no terreno

Incêndios. Comandante nacional é o mesmo que eliminou dados da fita do tempo

Carla Tomás

Jornalista

O tenente-coronel Albino Tavares era o segundo comandante operacional nacional aquando do incêndio de Pedrógão e nessa qualidade deu ordens aos operadores de comunicações para não registarem mais alertas na fita do tempo do incêndio de Pedrógão Grande, por “excesso de informação”.

Após a demissão de Rui Esteves do comando nacional – na sequência do escândalo das licenciaturas conquistadas com equivalências –, Albino Tavares subiu a comandante nacional interino da Proteção Civil. Nessa qualidade, foi a ele que coube comandar as operações de combate aos incêndios que este fim de semana tiraram pelo menos 31 vidas.

O relatório da comissão técnica independente entregue na semana passada na Assembleia da República aponta erros à atuação da Proteção Civil no incêndio de Pedrógão, lembrando falhas na definição de prioridades e na mobilização de recursos que permitissem estancar os incêndios mais rapidamente. “A falta de capacidade e de competências da Autoridade Nacional de Proteção Civil”, foi sublinhada pelo presidente da comissão, João Guerreiro, em entrevista ao Expresso. O académico lembrou que “o relatório defende que a gestão do fogo, a meteorologia aplicada e o ordenamento florestal têm de ter peritos especializados. Não são brincadeiras de criança”.

Quatro meses depois de Pedrógão, os incêndios deste fim de semana revelam falhas semelhantes, segundo fontes no terreno. “A coordenação genérica da proteção civil não tem experiência em incêndios florestais e falha na priorização e mobilização de recursos”, critica fonte ligada ao sector florestal que prefere não ser identificada. Mas lembra que se “cortarem a cabeça, mas mantiverem o mesmo sistema de nomeações políticas, fica tudo na mesma”.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: ctomas@expresso.impresa.pt

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