Sociedade

Refugiados: menores sozinhos 
já chegaram

Só na Grécia estão 2200 crianças sozinhas que não são abrangidas pelo programa de recolocação da UE
Só na Grécia estão 2200 crianças sozinhas que não são abrangidas pelo programa de recolocação da UE
Alexander Koerner/ Getty Images

Portugal foi o primeiro país a acolher crianças que a UE não recoloca. São 5. Na Grécia há 2200

Refugiados: menores sozinhos 
já chegaram

Raquel Moleiro

Jornalista

São cinco rapazes do Afeganistão, entre os 14 e os 18 anos. O mais velho e o mais novo são irmãos. Os laços terminam aí. Há um ano, à vez, chegaram às ilhas gregas sozinhos, sem adultos. As autoridades chamam-lhes menores não acompanhados, e só na Grécia existem 2200 que não são abrangidos pelo programa de recolocação da UE. Fugiram, alcançaram a Europa, mas ficaram presos ali, porque o seu país de origem não está na lista das ajudas de Bruxelas, ou porque chegaram depois de março de 2016, quando o acordo UE-Turquia blindou a passagem para o resto do continente. Por serem menores não podem ser repatriados.

Na passada quinta-feira, Portugal tornou-se o primeiro país a abrir a porta “às crianças que ninguém quer”, explica Lora Pappa da ONG grega METAdrasi. Foi ela quem selecionou os cinco afegãos nos abrigos e campos de refugiados de Atenas e os trouxe até Lisboa. Nenhum tem qualquer familiar na Europa. Alguns perderam os pais na fuga, outros antes mesmo de fugir. O acordo com Portugal, representado pela secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, Catarina Marcelino — que os foi esperar ao aeroporto — prevê o acolhimento de até 40 menores.

Os adolescentes vão viver durante 18 meses numa instituição da capital, pertencente à Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), entidade responsável pela integração em Portugal. Há mais sete preparadas no grande Porto, Grande Lisboa e Algarve. Vão ter ensino intensivo de português (que começou na Grécia com uma professora brasileira) e regressar à escola, no currículo regular ou profissional. O primeiro dia foi passado a dormir e a jogar futebol. São crianças.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: RMoleiro@expresso.impresa.pt

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