Os dois enfermeiros que estavam na tenda onde foram socorridos Hugo Abreu e Dylan Silva, os dois instruendos do 127.º curso dos Comandos que morreram a 4 de setembro, foram constituídos arguidos pelo crime de omissão de auxílio. Os dois profissionais de saúde foram ouvidos na tarde desta terça-feira pelo DIAP de Lisboa. Já o médico do curso ainda não foi constituído arguido.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) já confirmou esta informação, numa nota aos órgãos de comunicação social: "No âmbito de um inquérito, dirigido pelo Ministério Público, onde se investigam as circunstâncias do treino que levaram à morte de alunos do curso de Comandos, foram, esta tarde, ouvidos, na qualidade de arguidos, dois enfermeiros militares."
Segundo a PGR, concluídos os interrogatórios, que foram conduzidos pelo Ministério Público, os arguidos ficaram sujeitos à medida de coação de termo de identidade e residência.
"Até ao momento, para além dos agora constituídos, o processo não tem quaisquer outros arguidos".
As investigações prosseguem, estando em causa "suspeitas da prática de crimes de omissão de auxílio (art.º 200.º do Código Penal) e de abuso de autoridade por ofensa à integridade física (art.º 93.º do Código de Justiça de Militar)".
Nesta investigação, que corre termos no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, o Ministério Público é coadjuvado pela Polícia Judiciária Militar, realça ainda a PGR.
Fonte da Ordem dos Enfermeiros adianta ao Expresso que vai "de imediato" pedir a identificação dos dois enfermeiros e abrir um inquérito. Lamenta, no entanto, não ter sido oficialmente informada pelo Estado Maior do Exército sobre as suspeitas que recaem sobre os dois enfermeiros.
Na última semana, o Exército abriu dois processos disciplinares no seguimento das investigações sobre as condições de formação no 127º curso de Comandos, em que morreram Hugo Abreu e Dylan da Silva. Em comunicado, o Exército informou que foram detetados “indícios da prática de infração disciplinar”.
Ao Expresso, o porta-voz do Exército, tenente-coronel Vicente Pereira, confirmou que dois instrutores foram constituídos arguidos e que o processo de “averiguações interno continua a decorrer”. Além dos dois casos, cujas identidades não foram reveladas, podem ainda ser abertos mais processos disciplinares a instrutores do mesmo curso.
[notícia atualizada às 18h25]
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