Quando se chega à madeira é bom já ter tomado antes algumas decisões ponderadas — só para a festa ser organizada e não se cair no adágio insular. Assumir que se vai usar lenha para fazer as brasas de um churrasco implica tempo, habilidade a manusear o lume e que à partida já se sabe que o alvo da grelha é carne ou peixe. No circuito da nossa restauração mais popular, o carvão puro e duro domina os grelhadores abertos de combustão voraz e chamas atiçadas. É uma forma rápida e eficaz de fazer grandes tiragens de carne (frangos, entrecosto, etc.) ou peixes variados (diversos calibres e espécies), numa cadência ritmada e a custos controláveis. Pensar em madeiras de pinho, carvalho ou nogueira, rijas e de combustão demorada, e nos aromas bons ou menos cativantes que por vezes libertam até se incandescerem em pedaços manipuláveis para se abrasarem nacos altos de bovino, barrigas de porco ou outros cortes exigentes, não é tarefa para todos os dias. Quem tiver acesso a troncos de azinho ou de videira (um luxo escasso) pode criar um braseiro sonolento e vigilante, ideal para embalar a gordura das sardinhas sob o seu smoking prateado, a fineza de linguados e peixe-galo ou preservar a humidade de peças elegantes de coelho, borrego e outras subtilezas.
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