Exclusivo

+E

Entrevista de vida a Ney Matogrosso: “Não carrego 83 anos na cabeça, portanto atrevo-me”

Entrevista de vida a Ney Matogrosso: “Não carrego 83 anos na cabeça, portanto atrevo-me”
D.R.

Chegou à música sem saber que ia fazer dela a sua vida. Mais de 50 anos depois da estreia com a banda Secos & Molhados, o cantor brasileiro Ney Matogrosso continua a chamar casa ao palco e mantém-se ativo na estrada com o espetáculo “Bloco na Rua”, que agora traz aos Coliseus de Lisboa e do Porto. Recordando um longo trajeto, garante: “Na ditadura, diziam-me: ‘Podem atirar-te vivo de um avião’. Eu sabia, mas não tinha medo”


As boas-vindas a uma chamada de vídeo que cruza um oceano são-nos dadas por “Pretinha”. “Estou trabalhando como um doido. Nossa Senhora!”, desabafa, sorridente, Ney Matogrosso, depois de nos apresentar a sua gata-pantera. “Paro em casa dois dias e viajo de novo. Agora, na sexta-feira, vou para o Crato, que é lá no final do Ceará.” Vai apresentar o espetáculo “Bloco na Rua”, que recentemente o levou a cantar frente a 45 mil pessoas no estádio do Palmeiras, em São Paulo, e que o traz de volta a Portugal para atuar no Coliseu de Lisboa, a 6 e 15 de setembro, e no Coliseu do Porto, no dia 12. Com 83 anos, acabados de completar, não parece querer abrandar o ritmo tão cedo. “Quando me dediquei à música, não sabia que me estava dedicando a ela”, confessa-nos, já perto do final da entrevista. “Achava que seria uma coisa passageira na minha vida, uma experiência que me faria crescer como ator, mas quando pus o pé no palco percebi que quero cantar enquanto estiver vivo.” No decorrer de uma conversa de mais de uma hora que, certamente, terá intrigado “Pretinha”, o cantor recordou os tempos da banda Secos & Molhados e a perseguição de que foi alvo num Brasil em ditadura militar, falou da sua fugaz história de amor com Cazuza, outro herói da música brasileira, vítima precoce do VIH/sida, das saudades que sente da “alma gémea” Rita Lee e da versão que fez de ‘Barco Negro’, que Amália terá chegado a ouvir.

Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: MRVieira@blitz.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate