A aproximação das eleições europeias e, mais ainda, o próximo tempo pós-eleitoral tornarão evidentes profundas transformações no debate e no discurso público no continente. É possível pressagiar desde já dinâmicas mais ou menos avassaladoras a ter lugar em três arenas — a imigração, a defesa da Europa e a transição verde. Estas três áreas de política pública podem ser pensadas como movidas por dois catastrofismos — a emergência climática e a imigração desregulada —, tomando como bons os termos mais queridos aos seus profetas e um realismo, seja, a necessidade de defesa da democracia liberal, da economia de mercado e do estado de bem-estar de matriz ocidental. As antevisões de catástrofes ou meros desastre são motores de mudança política, mas não os melhores nem os mais recomendáveis. Esgrimir a retórica do catastrofismo no espaço público agita bastantes mas ilumina poucos. Mais grave: o catastrofismo apressa e distorce as escolhas públicas. Assim, enquanto para uma parte do espectro político a transição verde é a mera gestão face a uma catástrofe evidente, existencial e biológica, para outros, e não menos, é a imigração que se alça como a maior urgência para evitar um mau fim para as sociedades livres. Ambos os catastrofismos vivem do exagero, passe o pleonasmo.
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