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Dos catastrofismos aos realismos: os três desafios no horizonte da Europa que vai a votos, um ensaio de José Tavares

As próximas eleições europeias acontecem numa altura em que a União enfrenta desafios tão poderosos como as ondas que, em 2016, chegaram à costa ocidental francesa. Na imagem, o farol de Jument, na Bretanha
As próximas eleições europeias acontecem numa altura em que a União enfrenta desafios tão poderosos como as ondas que, em 2016, chegaram à costa ocidental francesa. Na imagem, o farol de Jument, na Bretanha
Mathieu Rivrin/Getty Images

Há três eixos fundamentais capazes de determinar o futuro próximo da Europa: a imigração, a defesa e a transição verde. Preso entre duas correntes dominantes, o próximo Parlamento Europeu terá um caminho estreito

Dos catastrofismos aos realismos: os três desafios no horizonte da Europa que vai a votos, um ensaio de José Tavares

José Tavares

Professor na Nova SBE e autor do ensaio “A Europa Não É Um País Estrangeiro”

A aproximação das eleições europeias e, mais ainda, o próximo tempo pós-eleitoral tornarão evidentes profundas transformações no debate e no discurso público no continente. É possível pressagiar desde já dinâmicas mais ou menos avassaladoras a ter lugar em três arenas — a imigração, a defesa da Europa e a transição verde. Estas três áreas de política pública podem ser pensadas como movidas por dois catastrofismos — a emergência climática e a imigração desregulada —, tomando como bons os termos mais queridos aos seus profetas e um rea­lismo, seja, a necessidade de defesa da democracia liberal, da economia de mercado e do estado de bem-estar de matriz ocidental. As antevisões de catástrofes ou meros desastre são motores de mudança política, mas não os melhores nem os mais recomendáveis. Esgrimir a retórica do catastrofismo no espaço público agita bastantes mas ilumina poucos. Mais grave: o catastrofismo apressa e distorce as escolhas públicas. Assim, enquanto para uma parte do espectro político a transição verde é a mera gestão face a uma catástrofe evidente, existencial e biológica, para outros, e não menos, é a imigração que se alça como a maior urgência para evitar um mau fim para as sociedades livres. Ambos os catastrofismos vivem do exagero, passe o pleonasmo.

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