
Nesta altura do ano fico com pena do peru, até porque sendo uma carne tão desinteressante, ninguém percebe bem como foi ele o escolhido para a mesa de Natal onde é suposto todos estarem em harmonia familiar
Nesta altura do ano fico com pena do peru, até porque sendo uma carne tão desinteressante, ninguém percebe bem como foi ele o escolhido para a mesa de Natal onde é suposto todos estarem em harmonia familiar
Esta é a crónica que antecede o Natal, que se espera frio e que pede a lareira acesa. Quando o Expresso chegar, já está em marcha alguma azáfama típica da época. Para os que vivem no campo e têm galinheiro, é certo que já deitaram uns olhares assassinos ao peru que por ali anda e que tem, ainda sem se dar por isso, os dias contados. De lado está já a garrafa com a aguardente que o irá embebedar, numa espécie de sedação pre mortem: quer ele queira quer não, irá emborcar umas goladas de uma bagaceira (provavelmente não tão boa com a do “lavrador”...) e assim, em jeito de preparação para uma colonoscopia, não vai dar por nada. Nestas alturas fico com pena do bicho, até porque sendo uma carne tão desinteressante, ninguém percebe bem como foi ele o escolhido para a mesa de Natal onde é suposto todos estarem em harmonia familiar. O assunto peru não é, felizmente, epidémico, não se espalhou igualmente por todo o país, continuando muita boa gente a preferir o bacalhau com couves e o polvo. Eu sou muito mais do tempo do bacalhau do que do polvo, bicho que por norma não estava incluído no cardápio familiar. Já o peru conheci-o bem, ainda alegre e a fazer gluglu, na Praça do Martim Moniz, em Lisboa, onde, ao lado de muitas centenas de parceiros, ali estavam à espera dos algozes que os levariam para a bebedeira final.
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