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Vinhos

O verão e os seus vinhos

Maria de Lourdes Modesto e João Paulo Martins
Maria de Lourdes Modesto e João Paulo Martins
Jorge Simão

A sede não se mata com vinho…

Em época de canícula as bebidas frescas são as que nos sabem melhor. Apesar de eu ser grande apreciador de espumantes/champanhes, tenho que reconhecer que o calor excessivo obriga os enófilos a uma certa contenção no consumo. A primeira razão é que não se combate a sede com vinho mas sim com água e, no verão, com muita água mesmo, para evitar desidratações que, dizem os médicos, nos podem afetar terrivelmente sem darmos por isso. Por isso, pelo sim pelo não, vamos assumir, no mínimo, meio litro de manhã e outro tanto à tarde. Não só não custa nada como nos tira a sede. E é sem sede que podemos melhor apreciar o vinho, sobretudo a acompanhar a refeição, como é nossa tradição em Portugal. Convenhamos que há outras bebidas refrescantes como a limonada, à qual deveremos juntar muito pouco (ou nada, mesmo) de açúcar. Se tiver uma Bimby fará uma limonada em três tempos sem qualquer dificuldade. O verão é também associado com long drinks, como o gin tónico. Esta é, por excelência, a bebida do fim de tarde após regressar da praia. Pode também escolher um Porto tónico ou um menos falado mas também muito bom, Porto rosé com muita hortelã e água tónica. O moscatel também se presta a vários cocktails. No caso dos brancos e rosés é indispensável ter um balde de gelo perto da mesa porque o vinho aquecerá num instante; use também o mesmo balde de gelo para refrescar o tinto que isso do tinto à temperatura ambiente já era... E o generoso do final da refeição também agradece se for servido fresco.

2 Não quero deixar de prestar aqui a minha homenagem a Maria de Lourdes Modesto, uma grande senhora da nossa gastronomia (termo que lhe era caro e ficava muito irritada quando se falava em “gastronomia e vinhos”, já que, defendia ela, gastronomia, por si, já inclui os dois temas). Conversadora, sempre muito crítica em relação ao que via, ouvia e provava, sempre a refilar com os menus degustação porque, argumentava, “chego ao fim e não me recordo do que comi, tal foi a quantidade de coisinhas que me serviram…”. Gostava de ralhar com os chefes mas a verdade é que todos tinham por ela um especial carinho. E, em visitas (várias) com direito a chá e bolinhos na sua casa do Estoril, troquei com ela livros e receitas, eu sempre a aprender, claro, e ela sempre muito disponível para conversar e trocar ideias. São pessoas assim que fazem o nosso percurso de cozinheiros amadores, que nos inspiram e nos dão vontade de continuar a eterna descoberta de um novo sabor, uma nova combinação, um ingrediente-surpresa ou um twist, como agora é uso dizer-se. Ela era apreciadora de vinhos e fazia questão de ter os guias que iam saindo, sempre atenta às sugestões que lhe chegavam. E eu, que me recordo dela na televisão nos anos 60, sou um felizardo por ter tido a oportunidade de estar perto de tão ilustre personagem da nossa história recente. Comer bem e saber comer será a melhor homenagem que lhe podemos fazer.

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