25 setembro 2022 16:49

nuno fox
Começou em Estremoz e migrou para Oeiras. Agora fixou-se nos dois lugares e está para durar
25 setembro 2022 16:49
Se me dissessem que um restaurante mudou seis vezes de morada nos últimos 20 anos e que se mantém aberto, e esperto de clientes, eu ficaria curioso, no mínimo, para saber como se gere um negócio sensível com tanta hiperatividade. Ao saber que o caso em apreço é o alentejano Zé Varunca, parte da genica fica explicada, ao arrepio dos boçais lugares-comuns que costumam colar à bonomia e grande valia das gentes trabalhadores das planícies douradas. Fui a primeira vez ao Zé Varunca em finais dos anos 80, sem idade para fazer a barba, nem cabedal para levantar pesos no ginásio que o anfitrião tinha em simultâneo com a restauração. Mas ainda lá fui à zona industrial de Estremoz tentar fazer figuras ao espelho.
No virar do século, Zé Varunca armou-se de família e bagagens e veio ser vizinho do Eduardo das Conquilhas, na Parede. Começava a saga da cozinha alentejana estremocense. Chegou a Oeiras, esteve depois em Lisboa, junto ao Palácio do Correio-Mor na rua de São José, e em seguida ao Bairro Alto, para mim o local onde tive as refeições menos boas. Comecei pelo da rua de São José e passei por todos, exceto um espaço de takeaway no Parque das Nações, durante a covid. Nestas andanças, o anfitrião deixou o seu bigode cerrado dos anos 80, e acabou por ir fechando estas portas castiças e ter um regresso às origens para assumir o histórico Águias d’Ouro em Estremoz, onde a sua mãe havia sido cozinheira. Parecia um belo fechar de ciclo, mas os filhos mantiveram o legado Zé Varunca, ao transferirem o espaço de Oeiras para o seu maior e mais agradável local até agora, junto ao Clube Desportivo de Paço de Arcos.