Spike Lee e Sam Mendes no streaming: deixe lá as séries, veja cinema

Ao encontrarmos, numa plataforma de streaming, um filme que não se estreou nas salas, é comum torcer o nariz. Paira, inevitavelmente, sobre ele uma espécie de labéu. É o equivalente, nestes dias, aos filmes que saíam diretamente em DVD, ainda há poucos anos, quando os suportes físicos faziam todo o sentido (ainda fazem, mas isso é conversa para outra ocasião; entretanto, experimente o leitor querer ver “High To Low”, de Akira Kurosawa, no streaming, não consegue, mas se tiver um DVD ou um disco blu-ray à mão basta ir buscá-lo à estante…). É bom limpar esse ferrete de menoridade da cabeça, aliás, já o devíamos ter feito há algum tempo, quando vimos obras importantes de grandes autores — como “O Irlandês”, de Martin Scorsese, “Da 5 Bloods — Irmãos de Armas”, de Spike Lee, ou “Juror #2”, de Clint Eastwood — estrearem-se nas plataformas. Erro de cálculo ou cegueira negocial dos produtores e/ou distribuidores, que desmediram e/ou desprezaram o que podiam arrecadar nas bilheteiras? Problema deles, não nos importa aqui. O que ora importa é que há cinema — e do bom — para degustar em casa, em estreia, convém dar conta.