Televisão

“A Oeste Nada de Novo”: os horrores da guerra num dos filmes mais vistos da Netflix

25 novembro 2022 18:41

Francisco Ferreira, em Zurique

Os relatos de quem viveu a I Guerra Mundial nas trincheiras deram origem a uma nova adaptação cinematográfica de “A Oeste Nada de Novo”, romance histórico e antibélico da literatura alemã, realizado nessa língua por Edward Berger. É um dos mais vistos da Netflix e o Expresso conversou com o cineasta

25 novembro 2022 18:41

Francisco Ferreira, em Zurique

A Oeste Nada de Novo” é uma nova adaptação cinematográfica de “Im Westen nichts Neues”, o homónimo romance antiguerra do alemão Erich Maria Remarque (1898-1970), best-seller quase instantâneo desde a sua publicação, em 1928, e um dos clássicos mais lidos de toda a literatura germânica do século XX. Baseado em memórias do romancista na frente de batalha da I Guerra Mundial, é um contundente testemunho antibélico dos horrores que os jovens soldados alemães, muitos deles adolescentes e sem qualquer experiência marcial, encontraram nas trincheiras. Levados pelo fervor patriótico, foram carne para canhão. O livro — sumariamente banido e queimado pelos nazis na alvorada do III Reich — descreve o extremo desgaste físico e mental daqueles combatentes e o trauma dos que sobreviveram à guerra, incapazes de uma reintegração na vida civil após o conflito. Não há, portanto, nada de heroico aqui: é uma história de caos e carnificina, contada pelo ponto de vista dos derrotados. Lewis Milestone já havia levado o romance à Hollywood de 1930, com o título que batizou o romance em língua inglesa (“All Quiet on the Western Front”): foi um êxito tremendo nos Estados Unidos e valeu-lhe dois Óscares. Uma versão televisiva, igualmente americana, voltaria a ser feita em 1979, com Richard Thomas e Ernest Borgnine. “O que mais me surpreendeu quando, há dois anos e meio, o produtor me desafiou a aceitar esta proposta” — contou-nos em entrevista Edward Berger no último Festival de Zurique — “é que ninguém tenha tentado até hoje uma adaptação ao cinema na Alemanha, em alemão. O livro passou mais de 90 anos à nossa espera.”

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.