Teatro

Como um protesto fez de uma peça o palco da discórdia

27 janeiro 2023 11:59

Cristina Margato

Cristina Margato

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Jornalista

José Fernandes

José Fernandes

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Fotojornalista

A ocupação do palco por uma mulher trans durante a peça “Tudo Sobre a Minha Mãe” e aquele tipo de protestos radicais geraram uma discussão e divisão que nem os protagonistas estavam à espera

27 janeiro 2023 11:59

Cristina Margato

Cristina Margato

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Jornalista

José Fernandes

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Fotojornalista

A ocupação do palco do Teatro São Luiz, em Lisboa, por uma ativista mulher trans, durante a representação de “Tudo Sobre a Minha Mãe”, numa ação de protesto direta e radical, gerou uma ampla discussão sobre o que é o teatro e os limites deste tipo de atuação. Na raiz deste assalto esteve a ideia de que o papel de uma personagem trans não pode ser feito por um ator que não seja trans.

Ao longo da semana, a discussão esqueceu o facto de o teatro ser muitas outras coisas além de representação. Nomeadamente ‘apresentação’. Forma que, não sendo nova nem recente, tem sido amplamente utilizada em palco nos últimos anos. Quem quiser avançar com exemplos de homens que interpretam papéis de mulheres, e o seu oposto, encontrará variadíssimos casos. E foi isso o que aconteceu nas redes sociais e nos media, lugares onde este assunto gerou longas discussões sobre o que é a arte, teatro e representação. Também o que é a realidade. No São Luiz, Keyla Brasil disse ter de se prostituir para sobreviver, tal como Agrado, a personagem do filme de Almodóvar e também da peça que adapta o filme. Caso para dizer que no Teatro São Luiz a realidade imitou a ficção. Mas a realidade quer mesmo ser ficção?