Em 2025, poucos artistas de escala global conseguirão, como FKA Twigs, gozar de uma liberdade ampla o suficiente para mergulhar, a cada novo disco, numa sonoridade agitadora do seu universo criativo. No terceiro capítulo oficial da discografia, descontando a mixtape “Caprisongs”, de 2022, a artista britânica construiu uma realidade mais expansiva para a estética que sempre apoiou e amplificou as suas idiossincráticas cordas vocais, nunca lhes retirando um pingo de emoção. Se “LP1”, de 2014, a apresentou como uma das novas musas das eletrónicas e “Magdalene”, de 2019, revelou a sua faceta mais negra e introspetiva, desafiando qualquer categorização, este novo “Eusexua” atira a energia das raves para a intimidade de um quarto onde a sexualidade não é tabu. “Quero dançar numa rave, quero fazer amor, quero conhecer pessoas. Mas também quero encontrar paz”, confessou Twigs numa entrevista à edição britânica da revista “Vogue”, explicando que tentou encapsular no álbum uma sensação de euforia transcendental, “como quando beijas o teu amante durante horas e te transformas numa ameba com essa pessoa. Já não és humano, és apenas um sentimento. Ou como aquele momento antes de um orgasmo em que és puro nada, mas também pura concentração. É dessa forma que quero viver a minha vida, neste momento”. Nada menos seria de esperar de uma herdeira natural de Björk
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