O jazz estava ainda longe de ser uma cultura amplamente reconhecida em 1924. No “The New York Times” escrevia-se que “o jazz está para a verdadeira música exatamente como a maior parte da chamada ‘nova poesia’ está para a verdadeira poesia. Ambos carecem da estrutura e da forma essenciais à música e à poesia e ambos são produtos não de inovadores mas de incompetentes”. Em Lisboa, a jazz band, como então se designava esta nova música, tão pouco era coisa consensual. Em meados dos “loucos anos 20” escrevia-se na revista “Ilustração Portuguesa” que esta “música de selvagens [...] não tem a suave harmonia das músicas clássicas”. Ainda assim, 1924 é agora consagrado como o ano primeiro da história do género musical que atualmente se aplaude em inúmeros festivais em todo o país e alimenta uma efervescente e criativa cena musical em que militam músicos de craveira internacional. Sexta-feira, dia 9, o CCB, em Lisboa, é palco para “Tudo Isto É Jazz”, um musical que se apresenta como “uma viagem por 100 anos de jazz” que celebra o centenário do nascimento de Luís Villas-Boas — fundador do Hot Clube de Portugal e promotor do histórico Festival de Jazz de Cascais — e, simultaneamente, o centésimo aniversário daquele que terá sido o primeiro concerto de jazz no nosso país assinado por um grupo internacional, a Pan-American Ragtime Band, que se apresentou no Teatro da Trindade, na capital.
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