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Mary Halvorson, a guitarrista jazz que sabe arriscar: “Abdicar do controlo... é isso que me move”

Mary Halvorson, 43 anos, ao terceiro álbum na editora Nonesuch, dois anos depois do díptico “Belladonna”/ “Amaryllis”
Mary Halvorson, 43 anos, ao terceiro álbum na editora Nonesuch, dois anos depois do díptico “Belladonna”/ “Amaryllis”
Michael Wilson

Mary Halvorson apresenta “Cloudward”, novo triunfo no jazz avançado com o sexteto Amaryllis e “um sonho tornado realidade”: Laurie Anderson. Ao Expresso, a guitarrista norte-americana diz-se empenhada em assumir todos os riscos, confiando cegamente em quem toca consigo

É perfeitamente possível estabelecer um paralelismo entre o muito citado aforismo de Alfred Korzybski — o académico polaco-americano, fundador da semântica geral, que garantiu que o mapa é coisa distinta do território — e as conclusões a que a muito aplaudida guitarrista norte-americana Mary Halvorson chega com o seu novo álbum, “Cloudward”. A meio de uma digressão europeia com o seu sexteto Amaryllis, a guitarrista e compositora fala ao Expresso a partir de Budapeste: “A digressão está a correr muito bem, a banda está em ótima forma e a música parece seguir em direções diferentes em cada noite.” Os álbuns “Amaryllis” e “Belladonna”, que Halvorson editou em 2022, foram o resultado do isolamento pandémico, com a compositora a explorar duas vertentes bem distintas da sua mente criativa ao escrever para o sexteto com que agora anda na estrada e também para o afamado Mivos Quartet, um ensemble de câmara. Mary Halvorson explica-nos que o grupo que criou com Adam O’Farrill (trompete), Jacob Garchik (trombone), Patricia Brennan (vibrafone), Nick Duston (baixo) e Tomas Fujiwara (bateria) se comportou como uma unidade desde o primeiro momento: “Não é algo habitual, mas percebi imediatamente que tinha ali uma banda coesa. E depois, com cada subida ao palco, as composições começaram a evoluir, a transformar-se e a ganhar vida própria. Foi esse processo que influenciou a distinta abordagem composicional que agora se materializou em ‘Cloudward’, que soa já muito diferente.” Realmente, nem o mapa é território, nem a partitura é música.

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