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Será teatro? Romance? Microficções? “ZOV”, o novo livro de Rui Manuel Amaral, é o pavão da página 61

Embora misture vários géneros literários, “ZOV” tem um lugar de partida dramatúrgico, um palco imaginário de onde brota o teatro mental, representado na cabeça do leitor
Embora misture vários géneros literários, “ZOV” tem um lugar de partida dramatúrgico, um palco imaginário de onde brota o teatro mental, representado na cabeça do leitor
Robert Daly/Getty Images

Rui Manuel Amaral em “ZOV”, livro cujo propósito parece ser o de nos trocar as voltas — missão cumprida com donaire. Ao palco da linguagem, sobe algo difuso e caótico: a literatura

Rui Manuel Amaral (Porto, 1973) é um dos casos mais singulares e entusiasmantes da literatura portuguesa recente. Nos dois primeiros livros — “Caravana” (2008) e “Doutor Avalanche” (2010), publicados na extinta editora coimbrã Angelus Novus — explorou as possibilidades literárias da escrita de histórias muitíssimo curtas (aquilo a que se chama micronarrativa, ou flash fiction), num exercício de subversão e reinvenção dos géneros clássicos. O facto de tudo, ou quase tudo, já ter sido escrito de todas as maneiras possíveis (durante esse voraz século XX das vanguardas e dos experimentalismos) constitui para muitos um bloqueio, mas não para Rui Manuel Amaral, que vê nesse esgotamento uma libertação, um livre-trânsito para fazer apenas e só o que lhe apetecer. Parte do intangível poder das suas primeiras micro-histórias vinha dessa consciência do imenso património literário que trazemos às costas, e do prazer de o mandar às malvas, estabelecendo com o leitor um pacto quase infantil de malandrice, arrojo e prazer de assistir ao que acontece ao pauzinho metido na engrenagem.

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