
Prémio LeYa de 2024, o primeiro romance de Nuno Duarte é um livro que evoca, com verve e garbo (mas também com alguns equívocos estilísticos), a construção da primeira grande ponte sobre o Tejo
Prémio LeYa de 2024, o primeiro romance de Nuno Duarte é um livro que evoca, com verve e garbo (mas também com alguns equívocos estilísticos), a construção da primeira grande ponte sobre o Tejo
Num romance absolutamente notável, “Nascimento de uma Ponte” (Teorema, 2011), Maylis de Kerangal narra a construção de uma ponte fictícia, com quase dois quilómetros de comprimento e seis faixas de rodagem, junto a uma cidade californiana igualmente fictícia, da qual “nunca ninguém ouviu falar”. A história daquele enorme feito de engenharia — um “bloco de energia bruta” como “um enorme desejo num corpo muito pequeno” — é um pretexto para refletir sobre a globalização económica. Ao conhecermos de perto as histórias de dezenas de trabalhadores vindos de todo o mundo, parte de uma “movimentação coletiva” que se vai adaptando à “mecânica gigantesca” do estaleiro, mergulhamos na lógica interna do capitalismo contemporâneo (e seus abusos), aplicada a um projeto de grande escala, mais do que na mera estilização de uma “epopeia técnica”.
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