
Em “O Bom Mal”, a argentina Samanta Schweblin reúne seis contos que nos mostram o reverso da normalidade através de súbitos rasgões no tecido liso da vida comum
Em “O Bom Mal”, a argentina Samanta Schweblin reúne seis contos que nos mostram o reverso da normalidade através de súbitos rasgões no tecido liso da vida comum
Uma mulher chega ao final do pontão e atira-se. Abre os olhos enquanto se afunda, até tocar com os pés no lodo, “devagar, como uma astronauta a aterrar na Lua”. Traz pedras atadas à cintura e uma determinação que não vacila quando os pulmões se enchem de água: “Surpreende-me a sensação líquida onde antes havia ar, mas sobretudo surpreende-me a lucidez, a serenidade.” A duração dos gestos suspende-se: “Quanto tempo terá passado? Três minutos, cinco, é algo que já não sei calcular. Estava convencida de que tudo aconteceria depressa.” O suposto acontecimento, a desejada anulação da morte, não se concretiza, o instinto de sobrevivência impulsiona-a para cima, de regresso ao mundo dos vivos.
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