
“Como Deuses entre os Homens”, de Guido Alfani, analisa a concentração de riqueza no Ocidente ao longo de séculos — dissecando os seus modos, trâmites, efeitos e discursos legitimadores
“Como Deuses entre os Homens”, de Guido Alfani, analisa a concentração de riqueza no Ocidente ao longo de séculos — dissecando os seus modos, trâmites, efeitos e discursos legitimadores
Jornalista
O título deste livro captura uma parte central do seu tema: a ideia de que pessoas muito ricas, se além da riqueza tiverem poder político direto, podem tornar-se uma espécie de deuses. Em princípio, isso seria negativo — o condicional aqui soa cada vez mais utópico —, mas para milhões de pessoas é verdadeiro o contrário. Exatamente por Trump e Musk serem muito ricos é que milhões de cidadãos americanos votam neles. Por um lado, existe a superstição de que ter suficiente inteligência ou sorte para acumular fortunas (ou as herdar...) é indício de superior sabedoria ou virtude. Por outro lado, presume-se que os milionários e bilionários, estando acima dos constrangimentos comuns dos mortais, não se deixam corromper. Ambas as presunções são arbitrárias, e os recentes desenvolvimentos da política americana desmentem-nas abertamente. Aliás, a História universal abunda em pessoas extremamente ricas que, para preservarem e aumentarem o seu património, causam danos extraordinários aos seus países. Vladimir Putin é só um caso atual bastante notório.
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