Esta é uma narrativa de forte pendor autobiográfico, como se infere pela dedicatória aos “que adormeceram para sempre, entre palmeiras distantes, imaginadas por nós a preto e branco”. Dedicatória, aliás, sentida e vívida que parece representar já um incipit. O autor passa depois ao particular e dedica o livro ao seu tio, em cuja experiência se baseou. Pela voz de António Joaquim (“Tóno”), o livro é narrado na primeira pessoa de forma magistral: sente-se nessa voz o lirismo da inocência, a ternura da infância e o maravilhamento perante o mundo. Pressente-se ainda a pungência do esvanecer desses dias felizes, tal como o do próprio tio Quim, jovem enviado para a guerra em África que não regressa o mesmo, que perde a alegria e o humor, e passa a beber para esquecer.
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