
Richard McGuire dinamita, neste livro, as regras da BD e o modo como devemos ler uma ficção contada com imagens
Richard McGuire dinamita, neste livro, as regras da BD e o modo como devemos ler uma ficção contada com imagens
Em 1989, Richard McGuire publicou, num número da “Raw” (antologia anual de banda desenhada alternativa, editada por Art Spiegelman), uma história de seis páginas que se tornou, na sua brevidade, uma das mais inovadoras e influentes no contexto da nona arte. Tudo se passa no canto de uma sala, e McGuire faz a anatomia desse lugar: mostra-nos o que nele aconteceu desde os primórdios do planeta até que a casa foi construída, com visões fugazes de quem a foi sucessivamente habitando, até um futuro próximo (ano 2033). Ao invés da clássica continuidade temporal em diversos espaços, há uma continuidade espacial em diversos tempos: um palimpsesto de épocas, cuidadosamente sobrepostas como folhas de papel transparente, num processo de acumulação visual que dinamita as regras da BD e o modo como é suposto lermos uma ficção contada com imagens.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: josemariosilva@bibliotecariodebabel.com