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Livros: A crítica da ideologia da raça, por Coleman Hughes

Coleman Hughes nasceu em 1996, em New Jersey, e estudou na Universidade de Columbia
Coleman Hughes nasceu em 1996, em New Jersey, e estudou na Universidade de Columbia

Em “O Fim das Políticas de Raça: Argumentos para Uma América Daltónica”, Coleman Hughes defende o tratamento das pessoas independentemente da sua cor. Uma hipótese que seria maravilhosa se fosse realista

Luís M. Faria

Jornalista

Este não é o primeiro livro a criticar a chamada ideologia da raça. Como outros recentes, é escrito por um indivíduo que poderia, se quisesse, reclamar-se de uma herança familiar que inclui antepassados escravos e uma história de discriminação laboral, e não só. Tal como outros autores, também ele não aceita o estatuto de vítima, e muito menos que o trauma de brutalidades antigas sobreviva no seu ADN. Se alguns traumas existem, são resultado da sua própria experiência pessoal, diz. Mas tendo ele tido uma infância e juventude relativamente protegidas — por exemplo, como aluno numa dispendiosa escola privada —, a única coisa de que se recorda é de os colegas acharem bizarro o seu afro e lhe mexerem, o que (este foi realmente o trauma, por assim dizer) lhe estragava o penteado. Talvez por isso, acabou por adotar o que descreve como um estilo capilar ‘mais sensato’ — “por volta do sétimo ano, a afro tinha desaparecido, substituída por um corte fade despretensioso (em retrospetiva, uma escolha em qualquer caso muito melhor)”. Ótimo para ele. Mas achar que essa experiência de alguma forma o qualifica para falar dos efeitos do racismo seria, francamente, exagerar. Quando muito, serve para desmentir a ideia de que uma pessoa é oprimida pelo simples facto de ter esta ou aquela cor de pele. Este é o núcleo central da sua tese, e basta um mínimo de sensatez para perceber que é verdade. Depois há tudo o resto.

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