
Em “Viagem no Proleterka”, o segundo livro de Fleur Jaeggy editado em Portugal, o essencial nunca está à superfície. Mas também não é revelado, por muito que escavemos
Em “Viagem no Proleterka”, o segundo livro de Fleur Jaeggy editado em Portugal, o essencial nunca está à superfície. Mas também não é revelado, por muito que escavemos
Num dos muitos fragmentos que compõem o labirinto narrativo brilhante, mas gélido, que é “Viagem no Proleterka”, Fleur Jaeggy descreve o anoitecer assim: “Um escuro transparente, depois opaco. Depois, quase nada.” A prosa desta discretíssima escritora suíça, autora de romances austeros, elípticos e fugidios, segue os mesmos passos dessa lapidar chegada da noite. Começa por parecer de uma nitidez cristalina, logo turvada por sucessivos indícios ambíguos, para finalmente se esbater numa espécie de indeterminação que faz ruir tudo o que parecia sólido, isto quando não deixa as personagens, e a própria história, a pairar no vazio.
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