
Em “O Meu Pai Voava”, Tânia Ganho escreve um tributo ao pai morto, num texto demonstrativo de que é na escrita que nos reconstruímos e sobrevivemos, seja quem escreve, seja quem é escrito
Em “O Meu Pai Voava”, Tânia Ganho escreve um tributo ao pai morto, num texto demonstrativo de que é na escrita que nos reconstruímos e sobrevivemos, seja quem escreve, seja quem é escrito
Apesar de se confessar sem palavras, a autora — porque é assim que a voz narrativa se assume, como figura empírica cuja dor é real — não encontra dificuldade na prosa, mesmo quando afirma que urge encontrar rigor nas palavras, pois há sentimentos que são arestas afiadas e requerem vocabulário próprio. Ou talvez para que a linguagem não seja imprecisa, mesmo se a vida é incerta. Até porque o pai, médico, sempre lhe exigiu “rigor científico” nas palavras, para que os sintomas encontrem exatidão — e essa parece ser a sua maior herança, o “amor às palavras”.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt