
“Kafkiana” é uma coleção de quatro textos de Agustina Bessa-Luís sobre o escritor checo
Terceira edição de uma breve colectânea publicada em 2012, “Kafkiana” reúne quatro textos de Agustina sobre Franz Kafka, de quem se assume “leitora impaciente”, notando que a obra dele exige alguma paciência. Isto não anuncia qualquer hostilidade, apenas cepticismo face à fama e aos equívocos que a fama pode gerar. A estratégia do livro consiste, aliás, em ler Kafka às avessas: Agustina define “O Processo” como uma farsa; diz que a “Carta do Pai” se dirige a um “pai imaginário”; detecta em Kafka, em vez de intimismo, um “sofrimento (…) feérico, irreal, [que] explode no escuro como uma batalha de luzes, de clarões”; vê nele não um pessimista neurótico, mas um homem ligado à alegria da comunicação, alguém que prezava a “clarividência” e a “sinceridade”; considera-o por isso não um derrotado, mas um super-homem, alheio às ilusões e às esperanças comuns; não um ensimesmado, mas um sedutor, de uma “sedução rigorosa, obstinada, duma claridade deslumbrante”.
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