
O Nobel peruano despede-se da ficção com um romance eficaz, mas inferior às suas obras-primas. “Dedico-lhe o Meu Silêncio” é um último olhar sobre o Peru, no rasto de uma improvável utopia musical
O Nobel peruano despede-se da ficção com um romance eficaz, mas inferior às suas obras-primas. “Dedico-lhe o Meu Silêncio” é um último olhar sobre o Peru, no rasto de uma improvável utopia musical
Depois de ter interrompido no ano passado a sua colaboração com o jornal “El País”, em cujas páginas publicou, durante 33 anos, uma longa crónica quinzenal, Mario Vargas Llosa anunciou, na nota final do mais recente romance, “Dedico-lhe o Meu Silêncio”, que este seria a sua derradeira obra de ficção: “Agora, gostaria de escrever um ensaio sobre Sartre, que foi o meu mestre quando eu era jovem. Será o último que escreverei.” Anúncios como este, bombásticos e aparentemente definitivos, nem sempre são para levar à letra — não faltam exemplos de decisões semelhantes, por parte de outros escritores consagrados, revertidas passado pouco tempo. Neste caso, porém, tendo em conta os 88 anos do autor peruano, é legítimo supor que o “silêncio” sugerido no título remeta para outro tipo de silêncio, o de quem abdica voluntariamente da escrita, sentindo que chegou a altura de se retirar.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: josemariosilva@bibliotecariodebabel.com