
Anterior ao poderoso “O Avesso da Pele”, o segundo romance de Jeferson Tenório, “Estela Sem Deus”, mergulha-nos no Brasil dos anos 90, contado por uma rapariga negra em difícil transição para a vida adulta
Anterior ao poderoso “O Avesso da Pele”, o segundo romance de Jeferson Tenório, “Estela Sem Deus”, mergulha-nos no Brasil dos anos 90, contado por uma rapariga negra em difícil transição para a vida adulta
O primeiro livro de Jeferson Tenório publicado em Portugal foi “O Avesso da Pele”, o seu romance mais recente (2020), vencedor do Prémio Jabuti e uma das obras literárias que melhor captou, nos últimos largos anos, as tensões e fraturas provocadas pelo racismo na sociedade brasileira. Sem hesitar um segundo no momento de pôr o dedo na ferida, antes carregando nela com força, Tenório escancara os modos como a discriminação opera, em vários níveis, para dificultar, tolher, ou no limite ceifar, as vidas de quem nasceu com a pele mais escura. Sem nunca cair no registo panfletário, o autor desarticula, evidencia e denuncia os mecanismos do racismo estrutural, que vão dos usos da linguagem ao modo sistemático como as autoridades policiais mandam parar cidadãos negros para os revistar, muito mais frequentemente do que cidadãos brancos, não tendo para isso outro motivo que não o preconceito.
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