
“Contos, Parábolas, Fragmentos” reúne quase tudo o que o autor checo escreveu, à exceção dos romances e novelas. Uma viagem pela condição humana na modernidade, entre o sistema e o caos
“Contos, Parábolas, Fragmentos” reúne quase tudo o que o autor checo escreveu, à exceção dos romances e novelas. Uma viagem pela condição humana na modernidade, entre o sistema e o caos
Jornalista
A 3 de junho faz cem anos que morreu Franz Kafka. A sua fama póstuma, em contraste com a obscuridade quase total que o acompanhou em vida — os seus admiradores parecem ter-se limitado a um pequeno círculo de amigos e conhecidos, entre os quais se destacava o seu ex-colega de faculdade Max Brod — fez dele um dos escritores icónicos do século XX, o símbolo da incompreensibilidade absurda e monstruosa da vida moderna que a palavra ‘kafkiano’ encarna. Mesmo pessoas que nunca leram “O Processo” usam esse adjetivo sem problemas, tal como pessoas que nunca leram Freud dizem ‘freudiano’ com total à vontade. Esses dois escritores judeus, cada um à sua maneira, deram expressão a dimensões da consciência que o mundo em que viviam ao mesmo tempo reprimia e punha em evidência. A relação com o pai foi igualmente determinante em ambos, embora de formas diferentes. No caso de Kafka, a presença dominadora do progenitor foi desde a infância um fator de humilhação — desde logo física, mas não só — numa condenação permanente das suas insuficiências, tal como descritas na célebre carta que escreveu ao pai.
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