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Livros: “Hotel Savoy”, um retrato intenso do pós-guerra. Por Pedro Mexia

“O Hotel Savoy parece-me ser o mais europeu de todos os outros hotéis do Oriente. Tem sete andares, um brasão em ouro e um porteiro fardado a preceito”, escreve Joseph Roth
“O Hotel Savoy parece-me ser o mais europeu de todos os outros hotéis do Oriente. Tem sete andares, um brasão em ouro e um porteiro fardado a preceito”, escreve Joseph Roth
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“Hotel Savoy”, de Joseph Roth, publicado em 1924, é um retrato curto mas forte sobre o pós-guerra. Por ele desfilam personagens de todas as origens, classes e feitios, unidas pela infelicidade

Quem trabalha no Savoy, e quem lá se alojou, identifica os hóspedes do hotel pelos números dos quartos em que vivem, porque muitos vivem lá a tempo inteiro, ironicamente os ricos em baixo e os pobres nos andares de cima. Têm um número, os hóspedes, e são esse número, assumindo a singularidade e o anonimato dos algarismos. O extraordinário romance de Joseph Roth sobre o pós-guerra, publicado em 1924, não começa com uma descrição exaustiva do Savoy, mas distribui pequenas anotações como esta por diferentes capítulos: “O Hotel Savoy parece-me ser o mais europeu de todos os outros hotéis do Oriente. Tem sete andares, um brasão em ouro e um porteiro fardado a preceito. Promete aos seus hóspedes água, sabão, casa de banho inglesa, elevador, criada de quarto com touca branca, vasos de noite que resplandecendo eram convidativos (…). Tinha, além disso, lâmpadas eléctricas que brilhavam nos abat-jours cor-de-rosa e verdes como se estivessem dentro de cálices; estridentes campainhas obedeciam aos polegares, camas envolvidas em penas inchavam amigavelmente para assim receber os nossos corpos.” Era um hotel de verdade, mas demasiado bom para ser verdade.

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