Com “La Grazia” de Paolo Sorrentino, filme centrado num ficcional Presidente da República Italiana em fim de mandato com dúvidas constantes sobre promulgar um decreto sobre a eutanásia, mais por razões jurídicas que por questões morais, começou a Mostra Internazionale d’Arte Cinematografica, em Veneza. Obra bem-humorada, nada solene, íntima, a fita decorre em ambientes palacianos, com o hieratismo irónico em que o autor é de uso pródigo. Sorrentino, que confessou ter feito o filme para poder figurar um Presidente da República que fosse simpático e humano, não podia, todavia, eximir-se a ir disseminando, filme fora, uma pontuação de efeitos de estranheza, sem os quais a sua imagem de marca de autor mudaria de coloração. E é pena.
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