
“Black Bag” é uma história de espiões movida a golpes de diálogo. Um filme de Soderbergh em registo sofisticado, com Cate Blanchett e Michael Fassbender, animais de cena puro-sangue a assumir máscaras insondáveis
“Black Bag” é uma história de espiões movida a golpes de diálogo. Um filme de Soderbergh em registo sofisticado, com Cate Blanchett e Michael Fassbender, animais de cena puro-sangue a assumir máscaras insondáveis
Crítico de Cinema
E eles dançam. Não no sentido musical do termo, não em rodopios de valsa ou repentes de tango, dançam no embalo das palavras — e tão completamente que, por vezes, é difícil ao espectador seguir todas as evoluções no tablado das falas. Mas é um prazer surfar as contravoltas. David Koepp, o escritor por detrás do argumento e dos diálogos de “Black Bag”, não se preocupa em explicar o território à partida. Logo na primeira cena, uma conversa entre dois homens, percebemos que há um problema interno à organização a que pertencem: o roubo de um segredo importante — pode causar dezenas de milhares de mortos — por um traidor que pertence a um grupo muito circunscrito. Um dos homens encarrega o outro de tratar do assunto. George/Michael Fassbender, comissionado para resolver a questão, pede duas semanas para fazer o trabalho; dão-lhe uma, com um transtorno adicional: um dos suspeitos é a sua própria mulher, Kathryn/Cate Blanchett. George nem pestaneja.
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