Steven Soderbergh realiza o terceiro filme da saga “Magic Mike”, com Channing Tatum, Salma Hayek e Ayub Khan-Din nos principais papéis de “A Última Dança”. O crítico Vasco Baptista Marques dá uma estrela à comédia dramática
O terceiro tomo das tribulações do stripper masculino do título volta a contar com a realização do cineasta que, em 2012, assinou o primeiro filme da saga. Fala-se de Soderbergh, que, apesar dos seus altos e baixos, raramente tem descido abaixo de um certo limiar de inteligência.
Convém então dizer que “A Última Dança” é uma das mais óbvias exceções à regra, confrontando-nos com uma história a tal ponto pueril que a realização meramente funcional de Soderbergh passa despercebida.
Sinopse: após a pandemia ter deitado por terra os seus negócios na área do mobiliário, o agora quarentão Mike vê-se forçado a trabalhar como bartender na Florida. É aí que ele dá de caras com Max, uma socialite de meia idade em processo de divórcio que, ao saber que Mike foi outrora um stripper, lhe solicita uma exibição privada e bem paga dos seus talentos.
Ficando fascinada por ele, Max propõe-lhe que viaje com ela até Londres, para a ajudar a desenvolver um projeto que se recusa a revelar. À falta de melhor, Mike embarca na aventura, que depressa o leva ao Rattigan: um teatro londrino gerido pelo marido de Max onde se encontra em cena uma bafienta peça sobre os dilemas sentimentais de uma jovem mulher.
Ainda a procissão vai no adro, e já a socialite tratou de nomear Mike como o novo encenador, incumbindo-o de a modernizar, através da criação de números de dança destinados a ‘empoderar’ a protagonista.
O que se segue é a descrição dos trabalhos de Mike como coreógrafo, num mundo que lhe é estranho. Infelizmente, a agitação dos corpos que Mike dirige é proporcional à vacuidade das personagens centrais: duas caricaturas sem traços de singularidade, que só existem para suportar uma narrativa que está menos preocupada com elas do que com o desejo de afagar o espírito do seu tempo, à custa da enunciação das suas boas intenções. Um filme tristemente desabitado.
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