Acabou, enfim, a longa demanda — anos à porfia — de Margarida Cardoso a querer agarrar Sita Valles e o tema, os documentos, os testemunhos, os que podiam dizer coisas, os que tinham algo para contar, os que fechavam ferrolhos na memória a escaparem-se, à vez, entre os dedos, esquivas melífluas para que se pudesse chegar a um vislumbre da verdade. Porque, de facto, a história desta militante comunista portuguesa, ‘Pasionaria’ de uma Revolução que aqui viu perder, decidindo, então, ir para Angola, onde nascera, perseguir um ideal talvez possível num país a inventar, a história de Sita Valles nunca se contou preto no branco.
E ainda não está contada, há que concluir, no termo deste documentário longo de bem mais de duas horas (mas não longo demais). Porque, entre o público e o privado, o filme avança muitos passos para identificar uma mulher generosa e severa ao dar-nos um retrato multifacetado, ao mesmo tempo que tenta deslindar a utopia que se transformou em tragédia.
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