A abrir a exposição de fotografia “Venham Mais Cinco”, que inaugurou em Almada, surgem fotografias de um tanque desembocando da Rua do Alecrim na Praça Duque da Terceira, no Cais do Sodré, em Lisboa. O tanque, que parece enorme naquela rua estreita, e talvez tenha vindo do Largo do Carmo, onde no dia anterior Marcelo Caetano se rendeu aos militares vitoriosos, está rodeado de povo que não se sente intimidado por ele, antes pelo contrário. Isto não é o golpe fascista de Pinochet no Chile em 1973. É um golpe militar pacífico e está a devolver a Portugal a liberdade, após meio século de ditadura. Quem recorda esses dias não esquece o sabor a felicidade sentido por uma larguíssima maioria das pessoas. Era a Guerra Colonial que ia terminar e a promessa de uma vida melhor. As pessoas na rua conviviam com os militares e havia uma informalidade geral que se traduzia na imagem, um pouco mais à frente, de um soldado na janela de um tanque a ler um diário.
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