
“Tendo em Linha de Conto os Tempos Atuais”, exposição inédita para ver em Serralves, no Porto, revela um Jean-Luc Godard desconhecido: desenhos, pinturas, cadernos e imagens digitais mostram o surpreendente artista plástico que havia no cineasta
“Tendo em Linha de Conto os Tempos Atuais”, exposição inédita para ver em Serralves, no Porto, revela um Jean-Luc Godard desconhecido: desenhos, pinturas, cadernos e imagens digitais mostram o surpreendente artista plástico que havia no cineasta
Jornalista
Há um outro Godard para lá do Jean-Luc que todos pensam conhecer através dos seus filmes mais ou menos polémicos. É um Godard nunca antes revelado, surpreendente, maquiavélico em certos domínios. Um Godard porventura notado apenas no mais íntimo do círculo familiar. Um Jean-Luc descrito pela mãe Odile em várias cartas como “difícil”, “demoníaco”, “raivoso”, “berrão”, “diabólico”, “cansativo”, “insuportável”, “inoportuno” e outros adjetivos nada edificantes. Era incómoda para a mãe a ideia de ter o filho como herdeiro de alguns dos seus piores traços de carácter, como o nervosismo, a angústia ou a instabilidade. A mesma mãe, com Jean-Luc já adolescente, mostrava-se embevecida com a qualidade do desenho do filho, ao ponto de ter copiado uma cabeça e uma mão de um “David” de Miguel Ângelo que a terá deixado “boquiaberta”.
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