Novo filme de Sean Baker, “Anora” é uma ficção e foi como tal que se apresentou ao mundo em maio, no Festival de Cannes, conquistando uma fabulosa Palma de Ouro absolutamente inesperada pelo cineasta americano. Um carrossel de emoções, escreveu-se então sobre esta comédia endiabrada que também magoa, como as coisas que importam na vida. E no entanto poucos filmes nos falam tanto da América de hoje e de uma realidade nua e crua, quase palpável. A protagonista, que dá nome ao filme e a quem todos tratam por Ani (Mikey Madison, estupenda), é uma stripper de Nova Iorque que, numa certa noite, conhece Ivan, rapaz imberbe de 21 anos (Mark Eydelshteyn), filho de um oligarca russo a transbordar de dinheiro. Ivan está a passar uma temporada de farra num inverno solitário em Brooklyn, em Nova Iorque. E quando convida Ani a visitá-lo na sua mansão, contratando os serviços dela em vésperas de um Ano Novo, nem um nem outro adivinham que, dali a momentos, se vão meter num jato privado e acabar casados em Las Vegas — mais um devaneio das noites tóxicas.
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