Ali, tudo remete para o rio, caminho para quem parte e quem chega. A luz do Tejo invade as grandes janelas da Gare da Rocha do Conde de Óbidos, iluminando pinturas de ontem que podiam retratar-nos hoje. O sol que arde, o silêncio e falta de movimento levam o visitante a pensar que se enganou de destino e é guiado pelo espanto que, dentro da sala de pé-direito alto, se descobre o que se quer mostrar, mas que ainda não está pronto para ser visto: os enormes painéis de Almada Negreiros no edifício projetado por Porfírio Pardal Monteiro. O artista e a mulher, Sarah Affonso, também artista, ainda lá estarão. Do alto de uma das pinturas, serão eles que num autorretrato intuído observam quem se aproxima e o que ali nos deixaram. Uma imagem fixa de uma população em mudança, que chega e parte, cumprindo a sina de um porto.
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