“Mãe, podemos ficar no corredor? Vá lá, são só drones, podemos ficar aqui? Está frio e dói-me a garganta”, insiste Oresya, num tom de voz meigo, olhos carinhosos e beicinho instintivo. “Filha, o que queres que te diga? Temos de descer”, diz Lesya, enquanto troca o pijama por um fato de treino azul-escuro, com felpo por dentro, bom para o inverno ucraniano. “Mãe, a mana tem razão, é melhor ficarmos em casa, tu não estás em condições de ir lá para baixo”, diz o filho mais novo, Yarema, tentando ajudar a irmã de 16 anos a convencer a mãe, doente, a ficar dentro de casa em vez de seguir para o abrigo. A sirene tinha soado meia hora antes, mas os canais de monitorização das redes sociais não revelavam qualquer perigo até àquele momento. “Habitantes de Kiev, um grupo de drones dirige-se para os vossos lados. Abriguem-se que vai ser barulhento”, lia-se num dos grupos do Telegram.
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